SOBRE AQUISI O DE LINGUAGEM SEU DILEMA
Cláudia Lemos.
Cláudia T. G. Lemos aborda de forma geral nesse artigo o “erro” como indício de mudança e, portanto, de desenvolvimento, visto sinalizar a saída da indeterminação e do total submetimento à fala do outro. Nesse sentido a autora frisa que o “erro” também se apresenta como possibilidade de escapar do “dilema (pecado) original” a que estava atado o investigador que, não vendo alternativa à descrição categorial dos enunciados da criança, estava impedido de atender à diacronia do processo de aquisição de linguagem, sobrepondo, através dessa descrição, os pontos de partida e de chegada. Ao interpretar erros como o uso de apagar por acender, ou a sufixação bizarra da expressão vai lá! em vailô! A autora chama a atenção tanto para um distanciamento da fala do adulto quanto para o que denomina, naquele momento, processo de organização de procedimentos que, anteriormente isolados ou justapostos, passavam a entrar em relação. Tais relações, ainda que supostamente direcionadas à formação de classes e/ou categorias, estavam ainda a meio caminho do saber linguístico suposto ao adulto.
No início de seu artigo a autora informa que há na área da aquisição da linguagem um dilema a que se refere como “pecado” original, ou seja, a impossibilidade de o investigador ser fiel aos dois compromissos simultâneos que se lhe impõem: o compromisso com a diacronia, a saber, “com a identificação e a explicação das mudanças qualitativas que definiriam o processo de aquisição de linguagem, [isto é] com a gênese das estruturas e categorias”; e o compromisso com a sincronia, “pelo qual se obriga a descrever, em termos de categorias e estruturas definidas no interior das teorias linguísticas vigentes, os enunciados representativos de cada momento do período que isola como objeto de estudo”. A autora cita que Bowerman tentava representar um processo de reorganização de conceitos semânticos em