Sob O Olhar Estrangeiro
As produções cinematográficas aos quais o documentário faz referência retratam o Brasil de forma pejorativa, com clichês que variam de mulheres seminuas a uma selva no meio de São Paulo, onde os cidadãos possuem macacos de estimação.
A proposta de Lucia Murat com esse documentário era fazer com que os próprios brasileiros encontrassem a sua identidade e não deixassem se consumir pelos estereótipos impostos pelos cineastas estrangeiros. Entretanto, ao invés de encontrar respostas às dúvidas, ela propõe ainda mais perguntas: seríamos nós os responsáveis pela criação desses estereótipos? Eles são bons ou ruins?
Esse estereótipos, porém, não são totalmente distantes da nossa realidade; o futebol, o carnaval, a diversidade ambiental, cultural e social, quando juntas, formam uma ideia fácil de ser comprada pela grande maioria; e é isso que importa, esse clichê vende. O problema começa quando uma característica é explorada a ponto de se transformar em uma ideia caricata, má interpretada, estereotipada.
É evidente que tudo isso causa revolta na maioria dos brasileiros por simplesmente não retratar o país da forma como ele realmente é, mas, ao mesmo tempo, mesmo que inconscientemente, nós mesmos usufruímos desses clichês ao nos referirmos ao nosso país: samba, futebol, mulheres, praia, carnaval, caipirinha... os clichês exagerados são infinitos e essas ideias caricatas são exaustivamente divulgadas nos diferentes filmes retratados no documentário.
A diretora faz a pergunta: quem construiu esse personagem