Slender Man
Ouvi primeiro um ruído de um casco pisando a grama, mas continuei deitado de bruços na esteira que havia estendido ao lado da barraca. Senti nitidamente o cheiro acre, muito próximo. Vire-me devagar, abri os olhos. O cabalo erguia-se interminável a minha frente.
Em cima dele havia uma espingarda apostada para mim e atrás da espingarda i, velhinho de chapéu de palha, que disse logo o seguinte:
_ O que a criança está fazendo nessa área?
Ele encarava todos os equipamentos espalhados por aquele local.
_ Vim para investigar os desaparecimentos.
_ Mas você é só uma criança.- Ele ergueu uma sobrancelha encaixando a espingar no apoio traseiro do cavalo.
_ E teria protagonista melhor para investigar o desaparecimento de outras crianças?
Sorri levantando-me, logo ajeitei a camisa branca e o suspensório.
_ Deixe-me adivinhar. – O velho acompanhava meus movimentos com os olhos. _ Você é mais um daqueles prodígios da cidade grande?
_ Considerarei isso como um elogio.
Ele resmungou virando-se.
_ Faça o que quiser, mas pirralho, não diga que não avisei.
O velho sumiu entre os arbustos. Peguei a câmera de mão e sai do lado oposto de onde ele havia vindo.
A floresta densa e escura era iluminada apenas com a luz do luar. Podia-se ouvir a respiração e os movimentos dos animais e insetos. Uma risada ecoou fazendo meu corpo estremecer, a voz de uma garota, tão macia e inocente. Senti algo gélido na minha panturrilha, tente me livrar, mas aquilo apenas me pressionava mais. Mirei a câmera e a lanterna na direção da minha perna. Um grito atravessou meus lábios. Uma mão segurava-me, outras saiam da terra junto com o restante dos corpos.
_ Me ajude. – Os corpos das crianças tentavam escapar daquela terra pesada e úmida. – Não somos bons o suficiente para ele. – Salve-nos. – Elas choravam e eu tentava desesperadamente livrar-me da mão que me impedia. – Nos ajude.
Consegui sair daquela pressão e corri olhando para trás, aquelas crianças mortas, seus cheiros