skdoweincfwelo

1671 palavras 7 páginas
Senhores, membros do Júri, a responsabilidade que recaí sobre os senhores essa tarde é muito grande. Os senhores hoje decidirão o destino de um homem, o destino de um semelhante, mortal como os senhores, sujeito a mesma precária condição humana e portador dos mesmos caros valores que os senhores preservam e apreciam. Por isso imaginem-se só por um momento que os senhores chama-se Raul da Silva Dias, os senhores moram numa cidade do interior brasileiro com sua família, são um indivíduo respeitado, pacífico e feliz, trabalham como eletricista e tem um ótimo relacionamento com todos os membros da sociedade em que vive.
É preciso sermos dotados de uma visão empática se pretendermos de fato entender a natureza do ato que levou a óbito Suzana. Por que este fato aconteceu? Será mesmo que um homem com a reputação ilibada como a do Raul, um rapaz de apenas 22 anos, eletricista e sem nenhum histórico de violência em sua vida iria do nada, sem motivos poderosos assassinar uma pessoa? Não e nunca. Foi por muita dor e desespero que ele se viu precipitar por esse abismo. Abismo ao qual só aprofundaremos condenando este homem que precisa de ajuda e não de punição.
E a família do réu? Como eles ficarão se meu cliente for condenado? Quem irá alimentá-los e protegê-los? O Estado? Os senhores membros do júri? o Senhor, Meritíssimo? Não, senhores, eles serão, como se diz, abandonados a própria sorte e padecerão. É claro que o promotor dirá aos senhores, “e quem cuidará da família de Suzana? Quem os alimentará e protegerá?” Então, senhores eu vos digo, um erro não justifica o outro, se meu cliente errou os senhores não são obrigados a ir pelo mesmo caminho, principalmente porque meu cliente agiu com a emoção, não era detentor no momento da ação da plena posse de suas faculdades mentais. Mas os senhores estão em plena posse de suas faculdades mentais e uma família desamparada já basta. Que não tenhamos ao final dessa audiência duas famílias destroçadas pela irracionalidade humana.

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