sintese de camões
Era uma jovem sem sonhos e sem ambições que só servia mesmo para as tarefas domésticas. Os senhores Condes de Outeiro tinham dois filhos, o Octávio e o Orlando. O Octávio era o filho mais velho e era casado com uma mulher impertinente e pouco aparecia na casa paterna. Por sua vez, o Orlando era o filho mais novo, que não sabia o que fazer da vida, colecionava fracassos, bebia, jogava e perdia e andava metido com mulheres da vida, em resumo era a ovelha ranhosa da família. Orlando tinha um fraco por Clotilde e acabou por alugar um andar e foi viver com ela. Como vivia uma vida lamentável, decidiu emigrar para a Angola.
Clotilde fazia trabalhos de costura para sustentar o seu bebé, chorava de saudades ao seu Orlando à espera duma carta sua. Entretanto, no meio do choro e do ruido do pedal da máquina de costura contraiu tuberculose. Posteriormente, Orlando enviou notícias através dum emigrante. Dizia que o ausente estava emprego na Companhia das Águas mas que ainda não fizera fortuna e que só deveria por os pés da cidade passado sete anos mas que de resto estava tudo bem.
Clotilde não aguentou mais o tempo sem o seu homem, despediu-se do emigrante, entregou o menino à vizinha e começou a arfar até a sua última gota de sangue.
Ainda hoje, em Lisboa, se conta, que quando se ouve o bramir das canalizações, que é a costureirinha, o fantasma de Clotilde, que procura pelos ocos canos o seu Orlando, empregado na Companhia das Águas.