sinopse fundamentos para o ensino das artes plasticas
Euclides Sandoval* A leitura de Fundamentos para o Ensino das Artes Plásticas (editora Alínea), de Paulo de Tarso Cheida Sans, sem esgotar assuntos sobre o que é arte e como deve ser o ensino da arte, leva as considerações quanto ao estar no mundo e para que serve a arte. A questão central sobre a relação criança-artista permeia todo o livro, surgindo Picasso como o melhor exemplo contemporâneo de quem voltou a ser criança para pintar melhor. Ele se inspira nas pinturas das cavernas e nos desenhos infantis. A noção de processo, tanto no fazer arte como no ensinar arte é o que aparece com maior evidência. Lembro Nietzsche quando diz que a fixação em resultados compromete qualquer realização. A identificação com o fazer é próprio da expressão lúdica, denominador comum entre a criança e o artista.
Foto: Divulgação
Paulo Cheida Sans
Fundamentos para o Ensino das Artes Plásticas
Editora Alínea
No caso do artista adulto, existe a intencionalidade do autor da obra e o fato do seu trabalho ser visto socialmente como artístico. O reconhecimento pelo espectador, seja crítico, marchand, colecionador, galerista, museólogo, promotor cultural, é fundamental para que uma pessoa seja considerada artista. Então não basta a intencionalidade, ou que a obra possua caráter genuíno. Pode até ser fruto de uma atitude superficial, centrada em efeitos e, mesmo desvinculada de um maior compromisso do autor com o seu produto. A mídia, por exemplo, pode fabricar artistas com obras adquiridas por colecionadores e em acervos de museus. O papel do momento cultural, com seus valores e categorias de análise, é então decisivo na atribuição do estatuto de artista. A cultura gera símbolos e constrói mitos. Paulo Cheida entra no processo de criação insistindo na sinceridade do artista ao lidar com a própria interioridade, ressaltando o papel do inconsciente como fonte de inspiração. Quando o indivíduo relaxa