Sindrome de Asperger
Neste livro esforcei-me por expressar os meus pensamentos e sentimentos com a maior exactidão possível. Procurei fazê-lo também quando se tratou de pessoas, lugares e acontecimentos, embora isso seja por vezes mais difícil. Quando escrevo acerca da minha infância, é evidente que não tenho maneira de recordar as palavras exactas das conversas. Mas tenho a experiência de toda uma vida quanto à forma como os meus pais falavam e agiam, como eu falo e como interagi com as outras pessoas ao longo dos anos.
Munido desse conhecimento, reconstruí cenas e conversas que descrevem com precisão a maneira como pensei, senti e procedi em momentos-chave. A memória é imperfeita, mesmo para aqueles que sofrem da síndrome de Asperger, e pode muito bem haver passagens em que eu tenha misturado pessoas ou cronologias. No entanto, esta não é uma história com componentes susceptíveis de serem alterados pelo tempo. Na maioria dos casos usei os nomes verdadeiros das pessoas, mas, quando não quis embaraçar alguém ou não me lembrei de um nome, usei pseudónimos. No caso de personagens que surgem no primeiro livro de memórias do meu irmão Augusten Burroughs, Correr com Tesouras, usei os mesmos pseudónimos que ele.
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Espero que todas as pessoas que aparecem no meu livro se sintam bem com a forma como as tratei. Algumas poderão não se sentir bem, mas espero que, pelo menos, sintam que eu fui justo.
Todos os retratos que faço foram cuidadosamente ponderados e tentei tratar as cenas mais duras com sensibilidade e compaixão.
Acima de tudo, espero que este livro venha demonstrar de uma vez por todas que, por muito robóticos que nós, os que sofrem de Asperger, pareçamos ser, sentimos de facto emoções profundas.
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Prefácio por Augusten Burroughs
O meu irmão mais velho e eu fomos criados por um casal em duas épocas do seu casamento, poder-se-ia dizer que somos filhos de pais distintos. A mãe e o pai dele eram um jovem casal optimista com vinte