Sindicato
O que distingue uma época econômica de outra, é oque se produziu e não a forma de se produzir. Pela enormidade absurda de homens e mulheres lesionados ou que perderam a vida enquanto trabalhavam me atrevo a dizer que vivenciamos uma época de barbárie no mundo do trabalho. A reprodução do capital, que através da produção industrial que se reestrutura, desde os anos 90 de forma cada vez mais intensa, tem constituído verdadeiras fábricas de moer, engolir, de lesionar de matar trabalhadores. As linhas de montagens, os ritmos de trabalho, as jornadas extenuantes, o assedio moral, a qualidade total, a corrida insana pelo lucro cada vez maior e mais rápido, além de sugar a força de trabalho do homem e da mulher, transforma-o em engrenagem do processo. Suga-lhe o ânimo, a alegria de viver, o prazer de trabalhar. Suga-lhe também sua alma, sua vida.
Esse trabalhador ao cabo de poucos anos de trabalho nesse ambiente produtivo, já não será mais a mesma pessoa. Seu corpo já não será mais o mesmo. Agora ele é quase uma réplica de uma maquina, com próteses, enxertos, pinos, placas, parafusos, aparelhos para poder escutar, cadeiras de rodas para poder andar. Seu viver será quase mecânico. Faltar-lhe-á força para trazer seu filho ao colo, para jogar uma partida de futebol com os amigos, para escovar os cabelos ou mesmo para ajudar o marido ou a esposa em um simples afazer domestico.
A medicina, a ciência, os remédios tentarão recuperá-lo. Seu corpo cortado, seus nervos emendados, sua coluna sustentada por pinos, numa tentativa inútil de lhe manter em pé, de cabeça erguida. Mas agora já é tarde. Então esse trabalhador será apenas mais um resíduo da produção, que irá ilustrar as estatísticas dos mortos ou inválidos da Previdência Social. Então o trabalhador perceberá que tal qual aquela antiga peça que ele produzia, e que não estava dentro dos desenhos nem nas tolerâncias, também ele foi descartado. E como tantos trabalhadores que perderam a vida em