Sindicato, corporativismo: a trilha de identidade
ISSN 1809-4651
Sindicato, Corporativismo: a trilha de identidade profissional do jornalista no Brasil
Marco Roxo
Doutorando em Comunição marcoroxo@urbi.com.br
A visão de Otávio Frias Filho, dirigente da Folha de S. Paulo, sobre os destinos do jornalismo estava muito marcada pelos embates que o seu jornal teve com o Sindicato de Jornalistas Profissionais de São Paulo durante a década de 1980. Entre eles, primeiramente, a greve de jornalistas naquele estado em maio de 1979, um dos fatores motivadores para a exigência de fidelidade das chefias e posteriormente de toda a redação ao Projeto Folha. Depois, a própria implantação a ferro e fogo do Projeto gerou, entre 1984 e 1987, a demissão de 447 jornalistas. Por último, ao ocupar um posto de vanguarda no posicionamento das empresas jornalísticas contra a obrigatoriedade do diploma de formação superior em Jornalismo para o exercício profissional, tema levado à debate e deliberação na Assembléia Nacional Constituinte em 1988, a Folha de S. Paulo gerou uma reação de defesa em favor desta exigência de grande parte da comunidade jornalística, manifestada através de suas entidades de classe. Uma das estratégias de Frias tentar para legitimar a posição do jornal perante a opinião pública e a própria comunidade de profissionais do jornalismo foi se apoiar no liberalismo econômico e nas premissas da objetividade jornalística adaptada dos EUA. A liberdade de mercado imposta pela industrialização do jornalismo era, no fim da década de 1980, na visão de Frias, o antídoto capaz de determinar novos paradigmas nas práticas jornalísticas identificados pelos compromissos dos jornais em atender os desejos do leitor e libertar essa prática social do atraso. Este está simbolizado pelas idéias de missão e favor, definidos como valores fluídos e ao mesmo tempo orientadores de uma tradição na qual o jornalismo político e literário estava vinculado à influência francesa. Daí o seu espírito