Simone Godard Fabre

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Na terceira parte de nosso estudo, teremos evidentemente de perguntar se o rápido avanço da democracia nos últimos cinco séculos veio acompanhado da felicidade ou da infdelicidade dos povos (p.100)

A palavra democracia, tantas vezes empregada no correr dos séculos pelos filósofos para designar teoricamente um modelo de regime politico, só se impôs durante o sec xix na linguagem sociopolítica. (p.197)
• A democracia não mais designa apenas um esquema institucional pertencente ao quadro jurídico da politica, mas também o fato social que caracteriza a potencia ativa do povo no espaço público.
• A democracia, declarava Royer Collard, em 1822, quis modificar o estado interno da sociedade, e ela o modificou, e a democracia tendo-se tornado a forma universal da sociedade, acabou se instalando por toda parte
• Mais tarde, tocqueville: a democracia como uma maneira de ser da sociedade.
• As transformações da democracia desde o sec xix, fora, se consolidando e se acelerando, fizeram dela um lugar de conflitos e enfrentamentos, manifestando a impossível neutralidade ideológica dos cidadãos. É como se ao realizar as esperanças contidas em seus princípios fundadores, corresse com uma frequência cada vez maior o risco de trair ou de perder sua inspiração originaria: paradoxalmente, o alento politico que fez surgir e crescer se enfraquece quando ela se torna um fenômeno social. Portanto é menos a politica democrática moderna que a sociedade democrática que se vê corroída por dificuldades e problemas. Os ímpetos que a animaram engendraram, além de sua inflação, distorções tais que a ênfase que ela abriga provoca, desde seu interior, sua fragilidade e sua precariedade. A democracia é, pois, forcada a se defender de si mesma.
• A democracia é uma mistificação ou, até, que ela traz em seu cerne sua própria falência.
• Para os homens de hoje, a democracia não aparece como uma obra a ser refeita incessantemente, e que, no entanto, nenhum povo jamais conseguira completar?

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