Simmel divisão do trabalho
DA CULTURA SUBJETIVA E OBJETIVA (1900)
Georg Simmel
Quando designamos os refinamentos, as formas espiritualizadas da vida e os resultados do trabalho interior e exterior da vida como cultura, ordenamos, com isso, esses valores em uma perspectiva, segundo a qual eles ainda não se sustentam por meio da sua significação própria e objetiva. Para nós, eles são conteúdos da cultura na medida em que os vemos como desdobramentos elevados de germes e tendências naturais - elevados além da medida do desenvolvimento, da plenitude e da diferenciação que seriam alcançáveis pela sua mera natureza. Uma energia ou indicação dada pela natureza - que decerto precisa apenas existir para estar por trás do desenvolvimento verdadeiro - forma o pré-requisito para o conceito de cultura, pois, da perspectiva deste, os valores da vida são justamente natureza cultivada.
Eles não têm aqui a significação isolada que a partir do alto se compara ao ideal da fortuna, da inteligência e da beleza, antes, eles se manifestam como desenvolvimento de um fundamento, que denominamos natureza e cujas forças e conteúdo de idéias elas ultrapassam, na medida em que são justamente cultura. Se, portanto, uma fruta de pomar e uma estátua são igualmente produtos da cultura, a língua explicita, entretanto, com muita precisão, esta relação, ao designar cultivada aquela árvore frutífera, enquanto o mármore bruto de nenhum modo é cultivado em estátua, pois, no primeiro caso, há uma força motriz e uma característica naturais da árvore em direção àquela fruta, que por meio da influencia inteligente é levada a ultrapassar suas fronteiras naturais, enquanto, em relação ao bloco de mármore, não temos como pré-requisito uma tendência correspondente em direção à estátua; a cultura nela realizada significa a elevação e o refinamento de certas energias humanas, cujas manifestações originais designamos "naturais".
Em primeiro lugar, parece evidente