Simbolos
Termo de origem latina, formado a partir do adjectivo “idem”(com o significado de “o mesmo”) e do sufixo “-dade” (indicador de um estado ou qualidade). Como tal, a etimologia desta palavra conduz à sua aplicação como qualificadora daquilo que é idêntico ou o mesmo, sendo, portanto, identificadora de algo que permanece. No pensamento grego, Sócrates e Platão destacam-se pela sua preocupação em definir o que são as coisas, ou seja, em descobrir e fixar as essências das coisas, restabelecendo o ponto de vista da verdade na filosofia. No sentido socrático e platónico, a definição parte do princípio da identidade e permanência dos entes e, para ultrapassar o problema da unidade e da multiplicidade, Platão recorre ao “mundo das ideias”, sendo que o ser verdadeiro não está nas coisas, mas sim fora delas. As ideias são unas, imutáveis, eternas e permitem, ao contrário das coisas sensíveis, definições rigorosas. Nesta linha de pensamento, a identidade encontra-se nas ideias, pelo facto destas não estarem sujeitas ao movimento e à multiplicidade. Generalizando, em termos filosóficos, a identidade traduz coincidência de uma substância consigo mesma e o primeiro princípio lógico do pensamento é o princípio de identidade, o qual compreende o sentido da lei suprema do ser (princípio metafísico) e o da lei suprema do pensamento (princípio lógico).
No contexto das teorias literárias pós-estruturalistas, mais concretamente no que respeita ao trabalho desenvolvido por Wolfgang Iser na Estética da Recepção e na Teoria da Resposta do Leitor, o termo identidade associa-se ao problema da identificação de um estatuto da literatura, partindo-se das características que, no texto literário, se mantêm iguais ao longo do tempo. Ao restituir ao leitor o seu papel preponderante na continuidade do fenómeno literário, uma vez que se encara a existência do texto como apenas possibilitada pela leitura do mesmo, a actuação do leitor contribui para a identidade desse mesmo texto, sendo