Silviano Santiago
PERSPECTIVAS INTERCULTURAIS
SOBRE O LETRAMENTO
Brian Street *1
or meio de relatos dos usos e significados do letramento em outros lugares e épocas, gostaria de situar a discussão sobre o letramento contemporâneo numa perspectiva mais ampla. Ao contemplar práticas de letramento em contextos tão variados quanto o sudeste asiático no século XV, um atol do Pacífico do Sul nos dias de hoje e recentes relatos da Nova Guiné, Madagascar e Filadélfia, espero demonstrar a variedade e complexidade dos letramentos e desafiar algumas suposições dominantes sobre letramento em nossa própria cultura.
Quero contemplar o letramento, primeiramente, fora do arcabouço da educação em que se vê invariavelmente inserido nas discussões nos Estados Unidos; oferecer análises qualitativas em vez de quantitativas; e situar as práticas de letramento no contexto do poder e da ideologia, e não como uma habilidade neutra, técnica.
Precisamos começar, acredito, tentando tomar consciência da linguagem que usamos e das perguntas que fazemos. O poder de
P
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King’s College London – UK. Tradução de Marcos Bagno.
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Agradecemos ao autor e à John Benjamins Publishing Company, Amsterdam/Philadelphia
, por permitirem, gentilmente, a tradução do artigo Cross-cultural perspectives on literacy, originalmente publicado em VERHOEVEN, Ludo (Ed.). (1994). Functional
Literacy: theoretical issues and educational implications; Amsterdam/Philadelphia, John
Benjamins, p. 95-111. [Nota dos organizadores da seção temática deste número da Revista de Filologia e Lingüística Portuguesa.]
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23/7/2007, 16:22
STREET, Brian. Perspectivas interculturais sobre o letramento.
definir e de nomear é em si mesmo um dos aspectos essenciais dos usos do letramento, de modo que precisamos ser ainda mais cuidadosos acerca dos termos ao abordar o próprio letramento. De acordo com isso, proponho alguns