shopping centers
MARA GAMA; MAURICIO STYCER
DA REPORTAGEM LOCAL
Nos últimos 30 anos, os shopping centers vêm substituindo o centro das cidades como o principal espaço de convivência urbana.
O sucesso dos shoppings, há muito se sabe, deve-se à sua capacidade de recriar, num ambiente privado, as condições ideais de vida num espaço público: são lugares seguros, limpos, sem barulho ou poluição.
A novidade, diz o arquiteto norte-americano Witold Rybczynski, é que "se os shopping centers se parecem cada vez mais com cidades, as cidades cada vez mais se parecem com shopping centers".
Rybczynski, 53, que chega amanhã ao Brasil para lançar dois livros, nota que há um esforço de grupos empresariais privados nas grandes cidades para recuperar área deterioradas, utilizando os mesmos recursos de um shopping, como policiamento e limpeza particulares.
A agenda de Rybczynski no Brasil inclui a participação em um debate na Folha, na quinta-feira, e duas palestras no Rio, amanhã na Casa Cor e quarta-feira na Academia Brasileira de Letras.
Abaixo, trechos de entrevista de Rybcynski à Folha, feita por telefone, na última segunda-feira:
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Folha - O sr. diz em "Vida nas Cidades" que "a cidade do futuro, seja lá como ela for, dependerá da boa vontade de seus cidadãos para funcionar". O sr. realmente acha que com boa vontade dá para corrigir os erros cometidos pelos planejadores urbanos?
Witold Rybczynski - Obviamente, não. Só a boa vontade não resolve. Para corrigir os erros, primeiro, é preciso identificá-los e depois encontrar os recursos financeiros para corrigi-los.
Folha - Onde entra, então, a "boa vontade", na sua opinião?
Rybczynski - Quis dizer que o planejamento é uma qualidade necessária, mas não suficiente, na concepção das cidades. Muitas cidades dão certo ou fracassam por causa das atividades e da cooperação das pessoas que vivem nelas, mais do que por causa das palavras dos urbanistas.
Folha - O sr. acha que a vida nas grandes cidades não tem