Shereber, sua obra e importância para os estudos da Psiqué

Shereber, sua obra e importância para os estudos da Psiqué

Nenhum outro esquizofrênico, na história da psiquiatria ou psicologia, tem sido investigado tanto quanto Daniel Paul Schreber (1842-1911). Inúmeros pesquisadores importantes têm tentado encontrar a chave para entender suas memórias desde que foram publicadas pela primeira vez em 1903. Schreber apresenta-se como alguém muito intrigante, tanto pela maneira impressionante na qual articula a própria loucura, quanto pela riqueza de interpretações a que suas memórias deram origem.
Seu pai, Moritz Schreber, era famoso por seus muitos livros sobre saúde, medicina e educação. Schreber Jr. teve seu primeiro colapso mental com a idade de 42 anos, depois de uma candidatura frustrada para o Reichstag. Quinze meses depois, ele havia se recuperado o suficiente para retomar sua brilhante carreira jurídica. Seu segundo colapso mental aconteceu , em 1893, aos 51 anos, pouco depois, foi nomeado juiz (Senatspräsident ) do supremo tribunal saxão. Para obter ajuda, ele procurou Paul Flechsig, o psiquiatra que o havia tratado depois de sua primeira crise. Schreber foi inicialmente internado no hospital psiquiátrico de Flechsig como um paciente voluntário, mas, acabou por ser internado e forçado a permanescer na instituição mesmo contra sua vontade.
Seu diário, que posteriormente converteu-se em sua obra mais famosa, destinava-se a tornar seu comportamento e visão de mundo compreensível para sua esposa e família, e também para fazer com que conseguisse libertar-se da internação. (Em um apêndice, Schreber dá uma análise jurídica magistral da detenção involuntária daqueles considerados insanos ). Apesar de Schreber ainda foi rotulado de "louco" pela psiquiatria institucionalizada da época, o tribunal foi capaz de ver o poder de persuasão de seus argumentos, e, assim, aceitar a alegação de que seus delírios não o tornavam irracional ou inapto a dirigir seus afazeres diários. Depois de ter seus apelos atendidos em juízo,