sexualidade
Não basta o reconhecimento de quem são os agressores, nem suas vítimas preferenciais; traçar seus perfis e mapear sua incidência não é estratégia suficiente, embora necessária. A homofobia, o sexismo, aqui considerados violência de gênero, estão enraizados de forma profunda e persistente na trama social. Articulam-se com um conjunto de problemas sociais e estruturais, significando um desafio para psicólogos, pouco afeitos a entender e operar com o que se chama “uma gramática de gênero”, que, a nosso ver, constitui o sujeito psicológico e político.
Palavras-chave: Sexismo; Homofobia; Violência de gênero; Teorias feministas;
Psicologia política.
Karin Ellen von Smigay
Há um certo consenso de que o tema da violência de gênero não recebeu muita atenção dentro da academia brasileira, a despeito de seu visível papel e função de articulador dos debates feministas nos anos oitenta. Cabe lembrar que tais debates se tornaram, ao menos nas ciências sociais, um dos mais promissores temas, produzindo teorias, linhas de pesquisa e multiplicidade de teses e dissertações – no campo da história, da antropologia, da sociologia e, mais recentemente, na psicologia social.
Se aqui se queixa sobre sua relativa ausência, em países de produção e língua anglosaxônica há um sem número de papers contemplando os mais diferentes enfoques sobre o que é esta forma de violência, seu grau de virulência, sua extensão, seus objetos preferenciais, assim como diferentes modelos de intervenção para coibi-la.
Considerando a América Latina, e, sobretudo, o Brasil, não saberíamos dizer das razões pelas quais pouco se publica e pouco se investiga, de forma sistematizada. A partir
• Texto recebido em maio de 2002 e aprovado para publicação em junho de 2002.
Psicologia em Revista, Belo Horizonte, v. 8, n. 11, p. 32-46, jun. 2002 33