Sexualidade Masculina

SEXUALIDADE MASCULINA: VELANDO E REVELANDO O REAL Gisela Goldwasser

Na leitura conjunta de Miller no cartel “A experiência do real no tratamento analítico”, no pensar em grupo do que se pode fazer com o que não pode ser dito, permito inclinar meu olhar para repensar os sujeitos que me chegam encaminhados pelos urologistas com o diagnóstico de “Disfunção Sexual Masculina”.
Fosse ejaculação precoce ou disfunção erétil, todos chegavam com diagnóstico de “disfunção sexual”. Sinto o perigo do uniforme que posso vestir para escutar esse sujeito tão singular em sua construção do que chamam “disfunção.
A maioria dos homens atendidos disse que deveriam estar ali pelo fato de terem comentado com os médicos que a atividade sexual com a parceira não estava “funcionando”. O deixar falar abre espaço para o aparecimento das contingências da vida de cada um. O incômodo na relação sexual aparece como um dado, abrindo arestas para um mal estar: na vida familiar, conjugal, na relação disfuncional com o período de aposentadoria, na atividade laboral, um engessamento na relação filial, além do que acham que precisam fazer para serem respeitados como homens na Sociedade. Precisam fazer...Manoel Leite (2011:8) lembra que “Freud nos ensinou a escutar os erros, os esquecimentos, e desconfiar das certezas”; “a própria ideia do que é masculino e do que é feminino se tornou socialmente confusa e abre para o sujeito a possibilidade de interrogar as suas relações com o outro do amor, do desejo, do gozo” . O autor (idem, ibid:9) ainda questiona o imaginário popular que teima em traduzir a virilidade masculina no pênis ereto: “é justamente através de uma identificação ao pai na saída do Édipo que, segundo Freud (1924/1976), o menino tem acesso à sua virilidade. A questão do corpo aparece de um modo particular para cada paciente. Mattos(1997:72-73) em seu artigo “O declínio do viril e o homem pelo avesso”, comenta essa necessidade de