Sexo
O ano era 1954. Masturbação era pecado, homossexualismo era crime, posições sexuais, que se soubesse, havia uma só. Impotência, ejaculação precoce, anorgasmia, fetiche, sexo oral, sexo anal, prazer, orgasmos múltiplos, clitóris não eram assuntos para serem discutidos à mesa. Aliás, não eram assuntos para serem discutidos em lugar nenhum. Naquele ano, um fisiologista da Universidade do Missouri iniciava seu projeto de pesquisa.
Bill Masters era o nome dele. Parte de seu trabalho tinha a ver com um objeto que ele criou: um pênis de plástico com uma câmera no seu interior. O aparelho, instalado sobre uma cama, era acoplado a uma roda de ferro. Quando a pessoa deitada na cama, uma mulher, girava a roda, o pênis de plástico descia, entrando numa parte da anatomia feminina que câmera nenhuma jamais havia filmado.
Masters fez mais. Recrutou homens e mulheres casados, ligou neles sensores para medir seus batimentos cardíacos e sua transpiração e colocou-os para transar. Aí chamou homens e mulheres que jamais haviam se visto e fez o mesmo, para comparar. Completos desconhecidos passaram semanas praticando intercurso, fazendo sexo oral e se masturbando numa sala, na bucólica Universidade do Missouri, nos saudosos idos de 1954.
Para a maior parte do mundo, aquilo tudo não passava de safadeza mal disfarçada de ciência. Para Masters, tratava-se de considerar o sexo um ato natural, que portanto se prestava à investigação científica. Mais: ele estudava sexo não apenas para entender a reprodução humana. Masters estava interessado em algo que a ciência até então ignorava redondamente: os mecanismos do prazer. E saiu por aí dizendo que as pessoas – em especial as mulheres, as mais oprimidas na