Sexo, hierarquias, performatividade e gênero: a abordagem de pesquisas contemporâneas
É por isso que uma teoria do sexo precisa se dotar de instrumentos conceituais adequados para colocar este assunto em pauta. É preciso uma linguagem crítica que dê conta de explicar, descrever, denunciar a opressão e perseguição sexual.
Vários pensamentos sobre sexo deixam de questionar ideias intrínsecas ao pensamento ocidental sobre a questão. Um dos erros é entender o sexo como uma força natural, anterior às relações sociais. O próprio feminismo também comete muitas falhas, principalmente ao considerar a expressão da sexualidade em dois sexos diferentes, mulher e homem. As categorias de identidade apoiadas no sexo verdadeiro, no gênero distinto e na sexualidade específica não servem como ponto de partida.
O feminismo não é o único nem o mais apropriado caminho para tratar as questões relativas ao sexo. Como as opressões sexuais não podem ser atribuídas apenas à questão do gênero, o conceito de “minorias sexuais” torna-se mais adequado para tratar a questão. Além disso, é preciso livrar-se da ideia de que os seres humanos são antes seres biológicos do que construtos sociais. Os termos sexuais devem ficar limitados aos contextos histórico-culturais, é preciso fugir de generalizações.
É nesse contexto que pretendo destacar as pesquisas recentes de Maria Filomena Gregori e Don Kulick na área da sexualidade. Em Prazer e Perigo: notas sobre feminismo, sex-shops e S/M, Gregori traz as conclusões de sua pesquisa de campo realizada nos Estados Unidos, mais especificamente nos sex-shops de Barkeley e San Francisco. A autora aborda a existência de um campo alternativo no mercado para o sexo, questionando o modo convencional e apresentando um “erotismo politicamente correto”. Já Kulick veio da