Setor calçadista
No Brasil, o setor iniciou suas atividades no século 19 no Rio Grande do Sul, com o surgimento e o fortalecimento de muitos curtumes implantados por imigrantes alemães e italianos que aproveitaram a grande disponibilidade de peles vacuns, oriundas inicialmente das charqueadas e, mais tarde, dos frigoríficos. O processo de curtimento, que começou de maneira rudimentar, aperfeiçoou-se graças ao aporte de tecnologia e equipamentos da Europa, permitindo após o fim da I Grande Guerra o início da exportação de couro.
A maior concentração de curtumes ocorreu na região do Vale dos Sinos (RS).
Outra região que se destacou com a atividade curtidora foi à cidade de Franca (SP) a 400 km ao norte da capital São Paulo. O primeiro período de dinamismo tecnológico na indústria (1860/1920) foi proporcionado pela introdução de avanços tecnológicos oriundos da Europa no final do século 19. Esta introdução transformou o sistema artesanal de produção em atividade fabril. Após esse período, o setor passou por uma fase de relativa estagnação (1920/60), acompanhada da regionalização da produção e da queda na introdução de novas técnicas e aquisição de máquinas mais modernas. Até mesmo as grandes empresas da época encontraram dificuldades para se expandir e acompanhar as novidades tecnológicas existentes. Apesar disso, foi com a I Grande Guerra que o movimento de exportação da indústria de calçados teve início, ganhando força na II Guerra Mundial, devido ao fornecimento de coturnos para os exércitos brasileiro e venezuelano. O terceiro período do setor também foi marcado pelo dinamismo, estando relacionado ao comércio de calçados com os Estados Unidos. Esse movimento se iniciou no fim da década de 60, apoiado no cluster industrial já existente no Vale dos Sinos e em menor escala em Franca. O Vale dos Sinos se especializara em calçados femininos de couro, enquanto Franca se destacava pelos calçados