Será o corpo humano obsoleto
SOCIOLOGIAS
INTERFACE
Sociologias, Porto Alegre, ano 7, nº 13, jan/jun 2005, p. 324-337
Será o corpo humano obsoleto?
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ADROALDO
GAYA *
Cultura do corpo em movimento o longo da história, homem e mulheres têm produzido conhecimentos e técnicas visando atender seus interesses e necessidades. Como produto de sua criação, na expressão evidente de sua humanidade, fabricaram ferramentas para o trabalho; armas para a defesa e para a caça; cultivaram a agricultura e a pecuária. Domesticaram animais e plantas. Dominaram o fogo e criaram máquinas. Formaram crenças e mitos que procuraram dar significados aos fenômenos da natureza. Religiões religaram e deram sentido à existência no mundo desconhecido. As artes fizeram de sentimentos expressões visíveis nas rochas, nos utensílios, nas telas e na própria pele tatuada e prolongada por adornos que lhe atribuem significado e identidade. A linguagem instaurou-se como forma de expressão e comunicação: ciência, filosofia, literatura e poesia. Os corpos comunicam em seus movimentos a emoção, o sentimento, a afetividade: na dança, no desporto, no jogo e no circo. Somos seres humanos, sujeitos criadores de cultura nos mais diversos domínios de nossa expressão.
A
*Doutor em Ciências do Desporto. Prof. Titular da Escola de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e do Programa de Pós-graduação em Ciências do Movimento Humano.
1Título inspirado em um dossiê da Whole Review, nº 63, 1985. Is the body obsolete?. Este trabalho foi apresentado no Painel
Natureza, Sociedade e Tecnociência: esboços do futuro, no VIII Congresso Luso-Afro-Brasileiro de Ciências Sociais, em
Coimbra, setembro de 2004.
SOCIOLOGIAS
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Sociologias, Porto Alegre, ano 7, nº 13, jan/jun 2005, p. 324-337
Como afirma Jorge Bento:
Estes domínios culturais configuram construções de sentidos humanos da vida, com modificações da sua forma de expressão em concordância com a respectiva
situação