Será que a Matemática está fada ao insucesso?
Uma sondagem feita aos portugueses maiores de 15 anos em Maio de 1994 sugeria que as coisas até não vão mal na disciplina de Matemática. Aparentemente, a maioria das pessoas que responderam não quis dar parte de fraco. Mas, dois meses depois, os resultados das provas de aferição e das provas específicas eram de tal modo negativos que voltaram a reinstalar a polémica. Como bem o sabem os professores, o insucesso nesta disciplina é uma realidade incontornável. Reconhece-se não só pelos maus resultados dos alunos em testes e exames, mas muito especialmente pela sua generalizada dificuldade na resolução de problemas, no raciocínio matemático, às vezes nas tarefas mais simples e, sobretudo, no seu desinteresse crescente em relação à Matemática. O insucesso não só existe como tende a agravar-se. Mas afinal quais são as suas causas? E como pode ser combatido?
Os vários pontos de vista sobre o insucesso
Como fenómeno educacional, e portanto social, o insucesso é uma realidade complexa, com múltiplas causas, todas profundamente inter-relacionadas. Cada um dos atores sociais que intervém ou acompanha o processo de ensino-aprendizagem tem, naturalmente, a sua visão do problema. Para os professores, as causas do insucesso dos seus alunos são frequentemente a sua “má preparação” em anos anteriores. Por um raciocínio recorrente chega-se rapidamente ao 1º ciclo, daí às insuficiências da educação pré-escolar... Apontam igualmente o facto de muitas famílias terem um nível socioeconômico e cultural muito baixo — ou terem um nível aceitável mas não incentivarem suficientemente os alunos. Os professores indicam que os alunos não se esforçam, não prestam atenção nas aulas nem estudam em casa. Contestam também que os currículos são excessivamente longos e que a necessidade do seu cumprimento obriga a deixar para trás os alunos mais “lentos”. Por vezes, reconhecem que há certas matérias mais “áridas”. Responsabilizam