Será que uma pessoa letrada tem a capacidade de medir o mundo, abstendo-se de ser com os outros?
Das conversas com muitos colegas e amigos posso retirar a conclusão que as Humanidades são determinantes para os alunos e para as escolas. Mais, elas são a base mínima de formação do ser humano. Mais grave ainda, nunca conversei com alguém que opinasse o contrário.
No entanto, nos últimos anos e de forma cíclica, há uma certa negligência na defesa das Humanidades, já que ficamos colocados numa posição defensiva. O seu valor instrumental é questionado. A sua irrelevância é amplificada. Cada vez é menor o financiamento das Humanidades. Comprometem-se os projetos de investigação científica das Humanidades. Inscrevem-se cada vez menos alunos nos cursos de Humanidades. Não será que esta contradição não assenta no fato de, numa interpretação puramente capitalista, as Humanidades não incrementarem a produtividade económica, formarem um livre e informado espírito critico e valorizarem uma moral que reduz a discriminação?
Nestes tempos difíceis as Humanidades devem justificar o seu valor. E justificam. As humanidades aportam as competências para o crescimento pessoal e a partilha de um espírito crítico no interior da democracia, independentemente da carreira profissional escolhida. E este é o único significado da questão «o que é o ser humano?».
Aproximemo-nos do problema. Passados alguns momentos críticos, ultrapassados pela espécie, o ideal humanista, como referência da cultura ocidental, passou a partilhar a sua vantagem cultural com outros modelos de referência. O desenvolvimento tecnológico e capitalista acomodaram-se e afastaram-se do estudo das Humanidades. Ultimamente o problema tem sido colocada mas, aqueles que lideram a educação, argumentam que as Humanidades têm que abandonar os seus antigos ideais e utópicos do mundo e começar a privilegiar os aspetos económicos e práticos da questão. Fomos colocados, então, perante a maior contradição humana: a separação entre