Será que estamos fazendo direito?

Será que estamos fazendo direito?

Numa sociedade contemporânea focada na priorização de interesses supérfluos, onde o desnecessário parece cada vez mais essencial devido ao reducionismo do ser humano à condição de mero agente de consumo, onde as grifes ganham personalidade e as pessoas se coisificam, onde a ambição aquisitiva seqüestra valores, talentos e virtudes e a busca pela felicidade se sublima no ambiente mercantil dos Shopings Centers; emerge um paradigma:

Qual é o verdadeiro papel do operador do direito?

Se o ambiente é superficial, também superficiais serão algumas de suas verdades, como a que induz muitas pessoas a acreditarem que só existe a política como canal para a reivindicação e conquista de direitos e garantias individuais e sociais. Porém esta verdade é caolha, pois os operadores do direito são, na verdade, os titulares mais legitimados na busca pelo aperfeiçoamento do sistema jurídico, condição intrínseca que brota do próprio desempenho de seu mister, e que regulado pelos pressupostos éticos, lhe outorga o poder crítico e transformador para melhorar a sociedade.

O operador do direito é aquele que inspirado na utopia de uma sociedade justa e perfeita, dedica seu esforço e talento para assegurar direitos a quem dele carece, mesmo sabendo que a maioria deles nunca saiu do papel, e que nem a Constituição em vigor assegura a equidade, a dignidade e isenção que propõe.

Nos primórdios de nossa sociedade, o homem vivia basicamente da satisfação de seus instintos. Instinto de preservação, instinto sexual etc. O ser humano gastava grande parte de seu tempo na busca alimentar a fim de que, a partir da satisfação do estômago pudesse garantir sua sobrevivência, sua reprodução e seu descanso. Na medida em que a organização social foi evoluindo, o homem deixa de ser preocupar apenas consigo mesmo e com sua prole e passa a ser titular de responsabilidades perante seu grupo ou tribo. Uma grande estrutura social foi se formando e a partir do