Serviço Social
CATADOR DE MATERIAL RECICLÁVEL: UMA PROFISSÃO PARA ALÉM DA SOBREVIVÊNCIA?
O artigo investigou a relação de trabalho existente entre catadores de materiais recicláveis e organizações de reciclagem dos materiais coletados do município de Goiânia. Estima-se que no Brasil existam aproximadamente 500 mil catadores de materiais recicláveis, segundo Magera (2003) a rotina diária do catador é exaustiva e realizada em condições precárias. O trabalhador catador é exposto a riscos à saúde, a preconceitos sociais e à desregulamentação dos direitos trabalhistas, condições que são extremamente precárias, tanto na informalidade de trabalho, quanto na remuneração. Apesar de ser uma profissão atualmente registrada pela Classificação Brasileira de Ocupações (CBO), o que gera a conquista de reconhecimento como uma categoria profissional, os catadores não têm acesso à educação e ao aprimoramento técnico, são vítimas de estigmas e de exclusão de certos ambientes sociais, esquecidos pelas políticas públicas brasileiras. De acordo com Miura (2004), o problema hoje não está em reconhecer legalmente o catador como um profissional, mas sim, em reconhecer seu direito às condições dignas de trabalho e de vida para além da perspectiva estrita da sobrevivência. Cooperativas de catadores possuem autonomia para desenvolver diferentes ações ao enfrentar fatores que interferem no processo de negociação de materiais recicláveis, possibilitando competitividade através do aumento da oferta de materiais recicláveis num volume maior que garanta negociação de preços.
Trecho do artigo que mostra a dualidade vivenciada pelos catadores: “Vale ressaltar que o trabalho com o lixo não tem uma única representação ou sentido, ou é dotado de características ruins ou de características boas. Ele abarca tanto aspectos positivos quanto negativos, por isso, a relação dos catadores com o lixo é ambígua, refletindo a dialética inclusão/exclusão, saúde/doença,