Serviço social
O artigo de Pat Carlen, “A Reclusão de Mulheres e a Indústria de Reintegração”, teve origem num projecto financiado pela União Europeia, o projecto MIP. Inicialmente a análise foi efectuada a nível nacional, numa fase posterior a análise assumiu o carácter comparativista no que respeita às experiências de mulheres durante e após a sua estada na prisão em seis países: Inglaterra, França, Alemanha, Hungria, Itália e Espanha. O presente artigo baseia-se em quatro argumentos principais:
1º Argumento: “Uma das principais, mas pouco exploradas, causas para o rápido crescimento da população prisional feminina é o aumento exponencial da indústria Internacional de Reintegração das mulheres prisioneiras e a sua provável contribuição para as taxas de crescimento da prisão de mulheres”.
Na actualidade as Políticas de prisão de mulheres e a Indústria de Reintegração baseiam-se num discurso da Reabilitação. O “mito” da Reabilitação na prisão é sobejamente exibido através de um programa psicológico, com as marcas do cientismo, das novas políticas de gestão e marketing global. Mas na realidade deparamo-nos com o aumento da taxa de mulheres reincidentes, aliado às novas condenações os números são exorbitantes. Tal é devido às convicções de juízes e magistrados que acreditam nos programas e regimes de reforma prisional, como a única resposta válida para a prevenção de futuras transgressões. Juízes e magistrados vêem-se numa posição legítima de enviar para as prisões mulheres (cujos delitos são considerados menores), mas baseiam a sua decisão na gravidade dos seus problemas sociais, a grande maioria das mulheres condenadas a penas de prisão estão sujeitas a altos níveis de privações económicas, sociais, possuem baixas qualificações, normalmente sem residência fixa, desempregadas ou com trabalhos precários e mal pagos, ou mesmo que nunca tenham trabalhado. Acrescentando ainda que foram na sua maioria vítimas de abusos físicos,