Serviço social
"CAI NA REAL"
"Quem compreende que o mundo e a verdade sobre o mundo são radicalmente humanos, está preparado para conceber que não existe um mundo em si, mas muitos mundos humanos, de acordo com as atitudes ou pontos de vista do sujeito existente." (W. Luijpen).
A expressão que dá nome a este capitulo introdutório é uma das tantas que diariamente surgem no uso coloquial da linguagem e que podem ou não se incorporar ao acervo de uma língua. "Cai na real" é uma gíria brasileira recente, significando um apelo para que nosso interlocutor deixe de sonhar ou de fazer planos mirabolantes e utópicos e volte à realidade, volte a ter "os pés no chão", Interessante esta visão espacial da questão: o sonho, a ilusão, o erro estão nas alturas; a realidade, no solo. Quando se trata de abandonar o irreal, de voltar-se ao mundo sólido e concreto, caímos na realidade, colocamos os pés no chão. O real é o terreno firme que pisamos em nosso cotidiano.
Realidade. Todos usamos rotineiramente esta palavra nos mais diferentes contextos e áreas de atuação e, no entanto, quase nunca paramos para pensar em seu significado, no que encerram estas suas nove letras. E não paramos porque, assim à primeira vista, o conceito nos parece tão óbvio que consideramos desnecessário qualquer questionamento a seu respeito. Todavia, segundo uma asserção que já se tornou popular, o óbvio é o mais difícil de ser percebido. Aliás, a este respeito já dizia um antigo professor que se o homem vivesse no fundo do mar provavelmente a última coisa que ele descobriria seria a água.
Muitas ciências -- especialmente as chamadas ciências humanas -- trabalham com o conceito realidade, incorporando-o ao seu jargão característico. Na psicologia e ciências afins (psicanálise, psiquiatria) talvez seja onde o emprego da palavra é maior e mais decisivo e, paradoxalmente onde o seu significado é menos pensado e questionado. Estudantes e profissionais da psicologia quase sempre embatucam quando se