Serviço social
SIMONE FRANCO GOEDERT FERNANDES
OS INVISÍVEIS NO PAÍS DOS HOMENS ÍNTEGROS
BURKINA FASO, 2011
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AGRADECIMENTOS
Fiquei impactada quando vi uma mulher xiita pela primeira vez. Num calor de mais de 40 graus, até uma meia cobria seus pés e só os olhos eram visíveis debaixo daqueles panos pretos. Toda vez que ia aos mercados, eu olhava para elas e via uma distância de um mundo entre elas e eu. Mulheres fechadas, que não te cumprimentam, caminham rápido, sem contato nem com o olhar... Aparentemente um desafio inalcançável. Num tempo de estágio numa aldeia chamada Kiri, fui ao mercado e assim que cheguei veio até mim uma muçulmana totalmente coberta. Até os olhos estavam tapados. E esta senhora me segurou no braço e começou a fal ar em Dioula. Ao olhar para seu rosto contra o sol, pude enxergar um sorriso atrás daquelas vestes pretas. Eu consegui enxergar a mulher detrás dos panos. Mesmo não a compreendendo, vi uma mulher igual a mim, que ama, chora, ri, se alegra e se entristece... Agradeço a Deus por esta mulher que era invisível aos meus olhos, mas que Deus a iluminou para que eu pudesse a enxergar e então ver a luta que estas mulheres passam todos os dias em Burkina Faso. Agradeço a Deus por ter o privilégio de chegar a Burkina e ver de maneira mais clara a vida dos garibous, pois as fotos e vídeos jamais podem representar o clamor silencioso da sua alma. À Deus toda a glória!
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ... 1. O PARADOXO ENTRE A LEI E A PRÁTICA ..................................... 2. AS CRIANÇAS INVISÍVEIS DE BURKINA FASO .............................. 2.1. Trabalho Infantil .........................................................................
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2.2. Tráfico de Crianças ................................................................... 2.3. 2.4. 2.5. Trabalho Escravo Infantil ...................................................... Abusos e Maltratos Contra Crianças