Fala-se muito hoje em ética ou de sua falta: na política , no direito, na medicina etc. Constata-se também um certo embaraço quando se solicita a alguém que defina o que entende por ética. A ética é a parte da filosofia que trata de etos (em grego, éthos). Ethos significou primeiramente morada de homens e de animais. Outros significados vieram: costume, caráter, modo de ser, personagem. Em seuhabitat, o ser humano desenvolve hábitos. Na vida cotidiana , emitimos permanentemente juízos morais: dizemos que alguém agiu corretamente, que uma pessoa foi antiética etc. Todos temos concepções do certo e do errado: seguramente se dirá que destruir o meio ambiente, torturar alguém, desviar verbas públicas são coisas reprováveis. No entanto constata-se certa dificuldade de fundamentar esses juízos de morais. Nessa tarefa, recorreu-se a Deus, à religião, à natureza e à tradição. Mas, hoje numa sociedade secularizada, plural e globalizada, parece estarmos desamparados, quando se faz necessário indicar o porquê dessas convicções. Schopenhauer já afirmara: "pregar moral é fácil; o difícil é fundamentá-la". Num tempo marcado por uma intensa crise de sentido e por transformações rápidas e profundas, os valores tradicionais cada vez mais questionados. A tarefa de fundamentação da ética torna-se ainda mais complexa devido ao enorme progresso da ciência e da técnica que, sem dúvida, resolveram muitos problemas da humanidade, mas que, ao mesmo tempo, criaram novas dificuldades, diante das quais estamos perplexos. Segundo Heidegger, é certo nunca tivemos tantos conhecimentos sobre o ser humano como atualmente, mas "também é verdade que nenhuma época soube menos do que a nossa o que é o homem". Há cem anos, por exemplo, as pessoas não tinham grande dificuldade em indicar o começo e o fim da vida de um indivíduo. Hoje, mesmo com o vertiginoso desenvolvimento cientifico, parece não sabermos mais coisas até então elementares, como o momento da morte e o início da vida(Veja-se o