Serviço social
MUDANÇAS NA SUA BASE DE SUSTENTAÇÃO FUNCIONALOCUPACIONAL*
C arlos Eduardo Montaño **
O presente trabalho tem por objetivo contribuir ao debate crítico do que estamos denominando a base de sustentação funcional-ocupacional do Serviço Social e a possibilidade de sua (auto)definição no atual contexto da profissão.
Nele se analisa a já referida base de sustentação no marco da gênese do Serviço
Social e se aportam certos elementos do contexto atual (globalização, neoliberalismo, mudanças no mundo do trabalho) para a caracterização de suas variações na realidade presente. Finalmente, se procede à algumas sinalizações prospectivas sobre o devir imediato da profissão.
1. A base de sustentação funcional-ocupacional do Serviço Social
A análise do contexto sócio-político e econômico no qual se desenvolve a emergência do Serviço Social nos obriga a considerar a gênese de nossa profissão não como uma derivação de anteriores formas de caridade e filantropia, mais técnica, organizada e sistemática que suas “protoformas” − senão como o resultado de um processo histórico, vinculado a um certo momento do desenvolvimento das lutas de classes.
1.1.- Efetivamente, a consideração de um Serviço Social, como uma etapa profissionalizada da caridade − tese sustentada por Kruse, Ander-Egg, Kisnerman, Ottoni
Vieira, Boris A. Lima, dentre outros1 − nos levaria a pensar no surgimento de uma profissão apenas como o resultado da ação de indivíduos (Mary Richmond, Gordon
Hamilton, e outros) que procuraram tornar mais eficiente a ação que vem sendo desenvolvida, desde o passado, por outros indivíduos (Vicente de Paula, Tomás de Aquino etc.). Aqui, a coerência desta análise leva a considerar, como o faz Ottoni Vieira, qualquer
* Tradução de Yolanda Guerra
** Doutor em Serviço Social e Professor Adjunto da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).
Conferencista e Professor Visitante em diversos países latino-americanos.