Serviço social e trabalho: do que se trata?1
Serviço Social e Trabalho: do que se trata?1
Sergio Lessa – Professor da UFAL, membro do Conselho Editorial da Revista Crítica
Marxista. Telefone:(82) 324-6945, sl@fapeal.br.
No atual debate acerca da relação entre Serviço Social e a categoria trabalho, está em exame muito mais do que uma questão operativa, instrumental ou de identidade profissional.
Sem negar que tais aspectos estão pontualmente presentes, e podem ser a preocupação mais direta de um ou outro texto -- mesmo nestes casos, e independente das intenções imediatas, há muito mais em jogo que a "instrumentalidade" de uma dada prática profissional. Neste artigo, de forma breve e introdutória, desejamos chamar a atenção para duas das questões envolvidas: a primeira é que esta discussão talvez sinalize uma alteração na posição relativa do Serviço
Social frente ao conjunto das Ciências Humanas; a segunda questão se refere aos fundamentos filosóficos e ideológicos2 das posições em debate.
1.
A reação à raiz conservadora do Serviço Social resultou em um movimento que, com avanços e recuos, terminou por estabelecer como um dos referenciais da profissão a busca de uma sociedade mais justa e igualitária. Ainda que possa e deva ser objeto de considerações de várias ordens, e ainda que ele não seja recebido da mesma forma pela totalidade dos assistentes sociais, tal referencial teve o enorme mérito de fazer do Serviço Social a única profissão a conter no seu código de ética uma explícita menção à necessidade de superação da alienada sociabilidade contemporânea.
Esta trajetória é ainda mais significativa porque, aproximadamente nesta mesma época, as correntes teóricas dominantes nas Ciências Humanas percorreram o caminho inverso. A main stream, como era moda dizer até há pouco, das ciências sociais se curvou ao pesado influxo do neoliberalismo e do pós-modernismo, do fim da URSS e da "vitória definitiva do capitalismo"; ficou atônita frente àquilo