Serviço social e questão social: concepções e polemicas
Atualmente falar sobre a questão social para o Serviço Social é lembrar da proposta de reforma curricular da ABESS/CEDEPSS (1996, p.154-5) na qual explicitamente coloca-se que: “a formação profissional tem na questão social sua base de fundação sócio-histórica, o que lhe confere um estatuto de elemento central e constitutivo da relação entre profissão e realidade social. O assistente social convive cotidianamente com as mais amplas expressões da questão social, matéria prima de seu trabalho. Confronta-se com as manifestações mais dramáticas dos processos da questão social no nível dos indivíduos sociais, seja em sua vida individual ou coletiva.”
Originalmente, a chamada questão social, segundo PEREIRA (1999), constituiu-se em torno das grandes transformações econômicas, sociais e políticas, ocorridas na Europa do século XIX, desencadeadas pelo processo de industrialização, e que reside não só na complexidade dos desafios que colocam em cheque a ordem instituída, mas no surgimento de novos atores e conflitos. Nesta perspectiva, os autores, CARVALHO e IAMAMOTO (1991, p.77), nos apresentam a concepção mais difundida no Serviço Social de questão social:
“A questão social não é senão as expressões do processo de formação e desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do Estado. É a manifestação no cotidiano da vida social, da contradição entre o proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais além da caridade e repressão.”
Em conformidade a esta concepção, está NETTO, (1989), destacando que a questão social é fundamentalmente vinculada ao conflito entre o capital e trabalho. IAMAMOTO, (1998, p.28), acrescenta ainda que:
“Os assistentes sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos as experimentam no