Servidão Voluntária

1912 palavras 8 páginas
A SERVIDÃO VOLUNTÁRIA

Em 1548, com apenas 18 anos de idade, o francês Étienne de La Boétie escreveu seu Discurso Sobre a Servidão Voluntária, um texto instigante e corajoso que sustenta a tese de que os escravos são servos por opção. Amigo de Montaigne, La Boétie foi um dos primeiros a perceber que os governados eram sempre maioria em relação aos governantes, e que, por conta disso, algum grau de consentimento deveria existir para manter a situação de servidão. O seu texto pode ser entendido como um ataque à monarquia devido ao contexto de sua época, mas não somente isso. O próprio autor reconhece que o tirano pode ser eleito também, o que muda apenas a forma de se chegar ao poder, e não seu abuso. O livro, portanto, é uma leitura essencial nos dias atuais, em que governos democráticos avançam sobre as liberdades mais básicas dos indivíduos. Para La Boétie, "é o povo que se sujeita, que se corta a garganta, que, podendo escolher entre ser subjugado ou ser livre, abandona a liberdade e toma o jugo, que consente no mal, ou antes, o persegue". O pensador Edmund Burke diria algo semelhante depois, ao constatar que "tudo aquilo que é necessário para o triunfo do mal é que os homens bons nada façam". La Boétie via no direito natural do homem aquilo que ele tem de mais caro. "Não nascemos apenas na posse de nossa liberdade, mas com a incumbência de defendê-la", resume. No entanto, ele constatou que o povo estava quase sempre inclinado a abandonar tal direito em troca de alguma sensação de segurança. O tirano, então, chega ao poder, seja pela conquista ou pelos votos. Mas La Boétie questiona: "Como tem algum poder sobre vós, senão por vós? Como ousaria atacar-vos, se não estivesse em conluio convosco?". Para ter liberdade, bastaria que o próprio povo fosse resoluto em não servir mais. A escravidão acaba exigindo a sanção da vítima. O que então explicaria essa servidão consentida? Para La Boétie, "todos os homens, enquanto têm qualquer coisa

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