Sermão
Textos informativos complementares
SEQUÊNCIA 3
EXP11RP © Porto Editora
O mais conhecido dos Sermões de Vieira:
O Sermão de Santo António aos peixes
Escolhendo como auditório, e à semelhança do ocorrido outrora com Santo António, em
Itália, os peixes, já que os homens (neste caso os colonos de São Luís do Maranhão, em 1663) parecem ser maus ouvintes e não aceitar a pregação, Vieira elabora uma ampla alegoria em que se propõe louvar, por um lado, e criticar, por outro, os peixes (atribuindo-lhes qualidades que não encontra nos homens, no primeiro caso, e criticando-lhes defeitos comuns aos mesmos homens, no segundo caso).
É para todos óbvio que o que preocupa Vieira são os comportamentos errados dos homens, contra quem, afinal, este sermão constitui uma vigorosa diatribe. E foi bem entendido pelo auditório – dado que, como consta em epígrafe, o Sermão foi pregado “três dias antes de se embarcar ocultamente para o reino”, numa viagem que se aparenta uma fuga.
O sermão é construído de acordo com as regras habituais no sermão seiscentista e apresenta o seguinte plano ou estrutura:
Na primeira parte – capítulo I – que constitui o Exórdio, desenvolve Vieira o conceito predicável, partindo da frase bíblica “Vos estis sal terrae” (vós sois o sal da terra), frase proferida por Cristo, dirigindo-se aos discípulos e pregadores. Interroga-se então Vieira sobre as virtudes do sal – dizendo que o sal serve para salgar, impedindo a corrupção – e, sobretudo, sobre porque é que o sal deixou de salgar, dado que a terra está corrupta. Continuando o seu raciocínio lógico, conclui que “ou é porque o sal não salga, e os pregadores dizem uma cousa e fazem outra”, ou é porque “a terra se não deixa salgar, e os ouvintes querem antes imitar o que eles fazem, que fazer o que dizem.”Assim sendo, que fazer? É então que aduz o exemplo de Santo António e se propõe pregar, como ele, aos peixes. Faz então uma invocação/prece a
Maria,