sermão do bom ladrão
O Deus de Vieira, como vimos, quando quer castigar, é o do Velho Testamento (onisciente, onipresente, todo poderoso e vingativo). Nesse caso, a base catequética do sermonário vieirino assume a persuasão através do medo, da dúvida, dos tons ameaçadores. Mais ameno se torna com o Deus Filho, pela idéia da dívida do cristão para com o Salvador, que deu a vida para remir uma raça de homens maus, ingratos e criminosos. Vieira tudo faz, então, sem articulação dialética ou deduções silogísticas convencionais, mas por postulações arbitrárias, pelo dogma da Revelação e pelo terror psicológico calcado em circunstâncias bíblicas, históricas ou ontológicas. A isso, porém, atém-se o pregador face ao espírito do século XVII e do próprio barroco, a que não deixa faltar uma certa impregnação profetizante, o que lhe valeria, aliás, um tanto de crítica desairosa e os embaraços bandarristas junto ao Santo Ofício.