Seres humanos e natureza nos espaços de educação infantil
Palavras-chave: educação e ecologias; relação seres humanos-natureza; educação infantil.
Vivemos uma situação de emergência planetária, em que está clara a possibilidade de que a espécie humana concretize um processo de auto-destruição, criando condições sócio-ambientais insuportáveis a sua sobrevivência e de outras espécies na Terra.
Ludibriada pelo mito da natureza infinita, auxiliada por sua inteligência e onipotência e ensandecida pelo desejo de possuir/consumir, a civilização ocidental criou, nos últimos duzentos anos, um modelo de desenvolvimento que não está voltado para o bem-estar e felicidade dos povos e espécies, mas para os interesses de mercado. Centrado na produção e consumo de bens, orientado para gerar lucro, este modelo - capitalista, urbano, industrial, patriarcal – vem gerando, ao mesmo tempo, desequilíbrio ambiental, desigualdade social e sofrimento pessoal.
Como educar as crianças num quadro planetário em que cerca de 38.000 hectares de florestas nativas são destruídos por dia, milhares de espécies desaparecem e “1,3 bilhão dentre os mamíferos humanos (20,6% da população mundial) estão ameaçados de morte pela fome” ? (Dias, 2004, p.23). Certamente, não será nosso objetivo ensina-las a reproduzir um estilo de pensar e de viver a vida que é nefasto, que é insalubre!
Nas creches e pré-escolas, temos, todos os dias, a oportunidade de oferecer sensações, interações, condições materiais e imateriais que contribuam para a formação de dois modos de existência: um que potencializa a existência; outro que faz sofrer, que enfraquece (Espinosa, 1983). Como aprendizagem e autoconstituição não são processos separados, é