Serafim porte grande
Publicado em 1933, Serafim Ponte Grande, de Oswald de Andrade, possui, entretanto, o espírito do Primeiro Tempo Modernista (1922-30), pois foi produzido durante o clima iconoclasta desse período. Essa é a explicação tanto para os seus méritos como para seus defeitos.
Apesar de ser considerado continuação de Memórias Sentimentais de João Miramar, a presente obra representa um dos pontos máximos da prosa dos anos heróicos do modernismo, mesmo que não chegue perto de Brás, Bexiga e Barra Funda, de Antônio de Alcântara Machado ou de Macunaíma, de Mário de Andrade. Seu grande valor está no cuidado em se colocar na vanguarda literária de seu tempo.
Sua temática, por exemplo, se não é moderna, é típica do Modernismo. Despeja-se um humor corrosivo em cima das tradições e valores de uma classe social da qual faz parte e chega a compactuar em certos momentos: a burguesia paulistana. É uma postura contraditória, mas muito comum entre os primeiros modernistas.
A começar, chama a atenção, no relato das memórias de Serafim Ponte Grande, a sexualização constante, já presente no primeiro capítulo: PRIMEIRO CONTATO DE SERAFIM E A MALÍCIA A – e – i – o – u Ba – Be – Bi – Bo – Bu Ca – Ce – Ci – Co – Cu Essa erotização intensa é justificada pela vinculação dos ideais oswaldianos à psicologia freudiana e principalmente à Antropofagia, movimento literário criado por Oswald de Andrade. Não se deve esquecer que Serafim Ponte Grande é uma realização, concretização dos postulados poéticos do autor. De acordo com eles, é importante buscar uma sociedade mais autêntica, por ser mais primitiva e respeitadora dos impulsos carnais. Nada de repressão, nada do refreamento judaico-cristão. A liberação dos impulsos sexuais, portanto, deve ser valorizada, mesmo que escandalize os padrões burgueses tradicionais.
Dentro desse aspecto, como se disse, a sexualização da personagem é constante. E a