Sentença Tiradentes
Vide Ordenações Filipinas
“Pelo abominável intento de conduzir os povos da capitania de Minas a uma rebelião, os juizes deste tribunal condenam ao réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, alferes que foi da tropa paga da capitania de Minas, a que com baraço e pregão, seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, onde em o lugar mais publico dela, será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma; e o seu corpo será dividido em quatro quartos e pregado em postes, pelo caminho de Minas, no sítio da Varginha e das Cebolas, onde o réu teve suas infames práticas, e os mais, nos sítios de maiores povoações, até que o tempo também os consuma; Declaram o réu infame, e seus filhos e netos, tendo os seus bens aplicados para o Fisco e Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica, será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique, e no mesmo chão se erguerá um padrão, pelo qual se conserve a memória desse abominável réu”.
Na manhã de sábado, 21 de abril, Tiradentes foi levado em procissão pelas ruas do centro do Rio de Janeiro, num grandioso espetáculo, para deixar gravada na memória da colônia, uma inegável demonstração de força da Coroa portuguesa.
O cortejo macabro desfilou, entre a cadeia pública e o largo da Lampadosa, onde fora armado um elevadíssimo patíbulo de 24 degraus, com a cavalaria e suas fanfarras à frente, os cavaleiros em fardamentos de gala, os cavalos com fitas coloridas, seguidos por toda a tropa local e várias irmandades do clero, devidamente paramentadas, badalando sinos e rezando salmos.
A leitura da sentença se estendeu por um longo tempo, e, após discursos de aclamação à rainha, Tiradentes foi executado na forca descomunal. Com seu próprio sangue lavrou-se a certidão de que estava cumprida a sentença.