Sensações a flor da pele

Sensações a Flor da Pele

A derme tem estreita ligação com o sistema nervoso central: capta sensações, evidencia conflitos psíquicos e estabelece limites entre o mundo interno e o universo externo, refletindo aspectos psicológicos e fisiológicos.
Por Marisa Muller é psicóloga, doutora em psicologia, professora da Universidade d Vale dos Sinos (UNISINOS) e membro do Instituto Brasileiro de psicologia da Saúde. Autora de Psicossomática: uma visão simbólica do vitiligo (Vetor, 2005)
Tatiana Helena José Facchin é psicóloga, mestranda em psicologia clínica na Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS) e membro do Instituto Brasileiro de Psicologia da Saúde (IBPS).
A pele, maior órgão do corpo humano - só o cérebro tem mais funções- é vital para a vida humana: é responsável pelo tato, considerado o mais delicado dos sentidos, e pela respiração; faz mediação de sensações e as transmite ao sistema nervoso, protege os órgãos internos, regula a temperatura e ainda funciona como barreira contra as bactérias. Do ponto de vista psicológico, faz a contenção e estabelece limites entre o mundo externo e o universo do mundo interno – age como um sistema de “abrigo da individualidade”. Como escreve o pesquisador G. Strauss, “ao mesmo tempo em que nos protege, é a fachada que nos expõe”.
O psicanalista francês Didier Anzieu chegou a escrever que a derme é o “envelope psíquico” do corpo. Ele considera que é por meio das experiências físicas e com a mãe que a criança desenvolve a idéia subjetiva de eu. Daí esse autor usar o termo Eu - pele. Não seria exagerado dizer que a derme tem um papel “egológico” (ego), nos referindo à construção da autoimagem e da autoconfiança. Alguns autores relatam que funções sensoriais permitem a compreensão de si mesmo e o encontro com o outro, já que o órgão epitelial é claramente envolvido por questões emocionais.
Pessoas que não tiveram suas necessidades de estimulação cutânea apropriadamente supridas na infância podem