Senhora
Mulher inteligente, num tempo em que a inteligência era vista como um atributo masculino, Aurélia tinha pensamento analítico e princípios religiosos, e desprezava a sociedade corrompida, que combatia em nome dos “sentimentos nobres”. Era ligada aos valores morais, mas abandonava algumas convenções, como o exigido “recato feminino”. Despojada, com um comportamento visto como um dos “efeitos da emancipação das mulheres”, uma “inversão” que os costumes vinham sofrendo, ela rompia com os modelos femininos tradicionais, lutando pela “desafronta de seu amor ludibriado”, puro e inocente, e indo contra o “homem que a traficava”, em vez de aceitá-lo, como as outras mulheres.
Tal ação regenerou Fernando, que se apegou às coisas simples, tornando-se trabalhador, disciplinado e esposo dedicado. A mudança de caráter inverteu seu comportamento como marido: “o homem de coração e de honra se formara aos toques da mão de Aurélia”. Audaz, educadora, ela questionava a prática do dote de casamento que entrava em processo de desaparecimento, oferecendo às mulheres a possibilidade de serem amadas por si e sugerindo que os homens não tinham dignidade ao se venderem por dinheiro. Portanto, Sinzig, conservador, considerou o livro “extremamente exaltado”, com