Sem amor. sem problemas
Sem Amor. Sem Problema
Luanda, 2012
Esta é uma narração que não começa com o famoso “Era uma vez…”. Portanto, se você estava à espera disto, pode dar umas merecidas férias às suas expectativas. Bem, por onde começo? Hum… Deixe-me ver. Já sei. Apresento-lhe Sócrates Manuel António. Sócrates, para os mais chegados. Natural de Luanda, um metro e oitenta de altura, cabelos pretos, olhos castanhos, fiel à Lógica, pouco dado às paixões. Um devoto seguidor do lema “Sem Amor. Sem Problema”. Não lhe passava pela cabeça ter fraquinho por alguém. Nos primeiros anos de escolaridade, Sócrates já era testemunha dos amores que a rapaziada da escola nutria pelas garotas. Ele era uma espécie de cupido para os amigos. Porém, publicitava e vendia um produto que ele próprio não consumia, pois não se deixava levar pelos encantos das sereias. Não tinha fraquinho por ninguém e pretendia continuar assim. Sócrates sobreviveu ao ensino de base. Foi para o ensino médio, em plena adolescência. E, tal como os outros adolescentes, vivia bombardeado pelo conteúdo veiculado pelos meios de comunicação: filmes, publicidades, telenovelas, etc. Não obstante a educação cristã e a supervisão dos familiares, também teve a televisão como babá. E não precisamos de ser João Paulo II nem Bento XVI para sabermos que nem tudo o que é veiculado pela televisão é decente, precisamos? Sócrates não se contentou em ver, procurou ter a sensação. As inscrições estavam abertas, e a lista de candidatas interessadas era longa demais para um devoto seguidor do lema “Sem Amor. Sem Problema”. Ele partilhou a sua situação com os amigos. Os mais radicais chamaram-lhe nomes depreciativos, porque ele não pretendia namorar nenhuma das candidatas. Os especialistas em namoro deram-lhe alguns conselhos, tais como: “Não as namores, fica com elas”; “A tua mãe não precisa de saber o que estás a fazer”; “Toda gente tem namorada. Por que não tu?”. Então, o Sócrates, para não ser membro do Clube dos Falhados,