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E também não necessita de apresentar um espectáculo hollywoodesco ao nível da grandiosidade. Sim, claro, que o jogo de luzes é irrepreensível, que a cenografia funciona e que existe fogo, confettis e todas as outras fantasias que quase todos os cantores, neste patamar, utilizam. Mas também não é por aí.
Assim, na teoria, poderá existir quem a ache tépida. E no entanto Beyoncé transmite, neste momento, uma aura, um poder, como nenhuma outra cantora no firmamento da música de massas. É altiva e tem um domínio insinuante e preciso do seu corpo. Até os cabelos estão sempre ondulantes, decerto graças a um ventilador cuidadosamente colocado.
Mas o mais relevante é a voz e a forma como o seu corpo a vive. Isso viu-se esta quarta-feira, na primeira de duas noites na repleta Meo Arena – etapa final da longa digressão Ms. Carter Show, iniciada em Abril do ano passado, que meteu pelo meio a edição, em Dezembro, do seu quinto, e melhor, álbum de originais.
Em palco, entre músicos, coros e bailarinos, quase uma vintena de elementos. Apenas dois deles homens. Dois bailarinos gémeos. Como é evidente, não é acaso. É um espectáculo de mulheres, sobre o que é isso de ser-se mulher. É um concerto conceptual, com início, meio e fim, com várias mudanças de roupa e de personagens, quase como se fosse um filme. Aliás, no final, não houve canções extra. Apenas surgiu nos ecrãs a palavra: fim. Como nos filmes.
Aí nitidamente a inspiração parece ter sido Madonna. Com ela aprendeu a atribuir um sentido geral de espectáculo, para enquadrar canções e sucessos avulso. Essa é uma das suas grandes mais-valias – a forma como concebe