Hoje curto tudo e não público nada, aprecio as fotos mais feias, comento as sem graça como funk infantil nas favelas e, como um perfeito sem noção, ignoro as mais belas. Construo por entre as páginas da web um caminho sinuoso de informações, dados e mais dados me lotam-me até o pescoço e, pouco a pouco, vai fazendo de mim um completo preguiçoso. Numa tarde de navegação, sem nenhuma direção, busco algo interessante pra prender minha valiosa atenção. Embora tenha dormido tanto, em frente à claridade do monitor, me sinto cansado, mas sem pregar os olhos, pelas besteiras da rede sou hipnotizado. Os olhos vidrados, corpo estatizado e é como se o tempo, para mim, ali tivesse parado. Não importa o futuro, presente ou passado, pois a pior prisão a aquela que, em meio à ignorância, nos vemos amparados. Pesquisar, assistir, conversar, ler e, os longos textos digitar, mas vejo a lógica acabar quando no Facebook resolvo entra. Viajo na maionese e nada mais se poderá explicar, um vem e vai de informação que, além do tem que ali você desperdiça deixa-lo no alto a minha preguiça. Notebook e os olhos na tela, o tempo que havia parado, agora passou a trabalhar multiplamente acelerado, mas em meio a isso, no meu canto, contínuo estatizado. As horas voam, fico mais velho, mais pobre e abro mão da privacidade, tudo por uma falsa felicidade e, pra dizer que sou o tal, fuçar a vida das celebridades. Horas perdidas, daquelas que vem e vai, que, mal aproveitadas, não adianta correr atrás, pois tempo perdido, não voltam nunca mais. Várias vidas se acabam na web e, por mais que fuce, ninguém percebe. Na alegria ou na tristeza, acredito que o contato físico será sempre nossa maior riqueza. Uns são puros dramas já outros, a própria vitrine da felicidade, mas já ficou natural, esse monte de falsidade em qualquer rede social.