Sei lá só quero ver as questões
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NAS PRIMEIRAS PÁGINAS de Deus, um delírio, Richard Dawkins declara seu objetivo proselitista. Ele pre-tende persuadir os leitores religiosos a abandonarem a idéia da existência de Deus em favor de uma cosmovisão mais sen-sata. Aparentemente, pretende também consolidar e fortale-cer a confiança daqueles que já duvidam do sobrenatural, alistando-os para militarem numa campanha mundial con-tra a religião. Nessa intencionalidade ideológica reside o que há de novo no discurso ateísta de Dawkins e de outros escritores que — em face do ambiente mundial em que as religiões ganham cada vez mais adeptos — agora partem para a ofensiva. Não é suficiente argumentar que a ciência não descobriu nenhum indício sobre a existência de qualquer realidade que não seja a natural. Agora é necessário afirmar que a ciência é a única ferramenta adequada para observar a realidade e que todo sistema metafísico ou religioso é terminantemente pernicio-so e deve ser abolido da sociedade. Vale a pena combater esse ponto de vista? O jovem escri-tor cristão Donald Miller diz que "[meu] mais recente esfor-ço de fé não é do tipo intelectual. Eu realmente não faço mais isso. Mais cedo ou mais tarde você simplesmente desco-bre que há alguns caras que não acreditam em Deus e podem provar que ele não existe e alguns outros caras que acreditam em Deus e podem provar que ele existe — e a esse ponto a discussão já deixou há muito de ser sobre Deus e passou a ser sobre quem é mais inteligente; honestamente, não estou in-teressado nisso".1 Na introdução à presente obra, Alister e Joanna McGrath discordam desse posicionamento passivo. A agressividade anti-religiosa não apenas de Dawkins, mas também de Sam Harris, Daniel Dennett, Christopher Hitchens e demais profetas do ateísmo merece uma resposta à altura, sobretudo daqueles que estão convictos de que a ciência não é tudo nem