Sei la
WERRI, Ana Paula Salvador
MACHADO, Maria Cristina Gomes
Introdução
O objeto de estudo desta investigação é o pensamento educacional de Paulo Freire (1921-1997) no momento de efervescência social e de rearticulação do capital no Brasil, nos anos de 1950 e 1960. Objetiva-se compreender como este educador integra-se na luta pela democratização do ensino e qual a função social destinada, por ele, à educação nesse período.
Freire viveu no Nordeste nas primeiras décadas do século, num país essencialmente agrário-exportador, rodeado por relações autoritárias, ditadas pelo predomínio dos coronéis. Mais tarde, insere-se diretamente num Brasil que passa por um intenso desenvolvimento industrial, o que dá um novo status de classe à burguesia, e abre-se democraticamente para a participação popular. Em seguida, vive o golpe militar, que o leva ao exílio durante 18 anos, e, apesar do distanciamento de suas origens, ofereceu-lhe uma experiência riquíssima de trabalho com inúmeros países do terceiro mundo e com as classes pobres de países desenvolvidos como os Estados Unidos da América; e, por fim, o retorno ao seu país, com a abertura democrática nos anos de 1980, e sua inserção no movimento da nova esquerda brasileira.
Freire ficou conhecido mundialmente como um educador popular, o criador de um método que, em 40 horas, alfabetizava e conscientizava ao mesmo tempo. Apesar de todo o envolvimento com as classes populares desde suas primeiras experiências educativas, entre 1958 e 1961, escreveu textos que demonstravam sua preocupação com a educação em geral. Nesses momentos, questionou o elitismo do ensino vigente, seus métodos e princípios pedagógicos, por não corresponderem ao processo de desenvolvimento industrial e de construção da democracia.
Atento às necessidades de seu tempo e engajado na resolução de seus problemas, Freire se envolveu com as questões centrais com que a intelectualidade brasileira