Segurança Alimentar
10 A 13 DE JULHO DE 2011 - CURITIBA (PR)
GRUPO DE TRABALHO 04
ALIMENTAÇÃO, CULTURA E SOCIEDADE: ENCONTROS, DIFERENÇA E
DESIGUALDADES NO MERCOSUL
TÍTULO
DÁDIVA E RECIPROCIDADE: A CIRCULAÇÃO DE ALIMENTOS EM
ASSENTAMENTOS DE REFORMA AGRÁRIA DO RS
EVANDER ELOÍ KRONE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA - UFSM
INTRODUÇÃO
Para Mauss (1988) a reciprocidade envolve o ato de dar que cria uma rede de sociabilidade e solidariedade que implica também nos atos de receber e retribuir.
Nestes termos reciprocidade significa mais do que troca ou simples permutação de objetos, a reciprocidade é uma relação reversível entre sujeitos (CHABAL, 1998 apud SABOURIN, 2009).
Cabe destacar que dádiva e reciprocidade são tomados aqui como termos equivalentes, já que compreendem o mesmo fato social, entendido por Mauss enquanto fato social total, já que este fenômeno engaja e compromete indivíduos e grupos em dimensões tanto simbólicas como materiais.
Relações de dádiva e reciprocidade estão presentes não apenas em comunidades tradicionais, mas são mantidas também nas sociedades ocidentais modernas, onde são atualizadas sob a forma de troca de presentes, hospitalidade, trabalho voluntário, doações humanitárias, filantropia, etc. Vale mencionar, como identificado por Wedig (2009), que a dádiva não ocorre apenas entre pessoas, mas ela se dá também através do sagrado, onde festas e rituais religiosos se convertem em ofertas destinadas a agradecer a intervenção divina na produção agrícola. K.
Woortmann (1990) afirma ainda que a reciprocidade não implica necessariamente em coisas trocadas, pois ela se aplica enquanto um princípio moral.
Estudos realizados em diferentes contextos rurais vêm indicando que entre grupos camponeses os recursos e fatores de produção são manejados para que uma parte da produção camponesa seja operada dentro da lógica da reciprocidade
(SABOURIN, 2003). Desta forma, apesar de grande parte da