Segunda Morada Vidas Encarceradas
Conheça o sistema prisional a partir dos relatos dos guardas do cárcere
Andréia Coutinho, Nathan Xavier, Guilherme Oliveira e Vanessa Ramos
No sistema prisional paulista trabalham 35.803 funcionários. Desses,
23.653 são agentes penitenciários. Os dados são da Secretaria de
Administração Penitenciária de São Paulo (SAP), que não forneceu informações a respeito de facções criminosas ou mesmo sobre o número de trabalhadores que adoeceram ou se aposentaram no último período.
A partir da convivência com esses trabalhadores e seus familiares, a proposta da reportagem é olhar para dentro das prisões e descrever o sistema prisional sob a ótica de personagens anônimos, que não entraram para a história oficial, mas são peças cruciais na engrenagem das penitenciárias paulistas. Foram escolhidos diferentes agentes, que falam sobre rebeliões, facções criminosas, ameaças, convivência familiar, saúde no trabalho e uma série de outras questões que permeiam o sistema prisional.
O nome dos trabalhadores e familiares, contudo, são fictícios para manter a identidade e segurança. Um desses personagens é Guaracy que, há cinco anos, junto da esposa e dos filhos, compreendeu de fato quais são os desafios e as ameaças da profissão. Conheça sua história:
Segunda Morada
Dez da manhã: o cheiro é úmido, o ambiente suspeito e o calor insuportável. Bastam seis meses de trabalho num presídio para passar a conviver com isso e começar a usar todos os tipos de remédios para a cabeça não pirar. Depois de anos em uma cadeia, o lamento de um carcereiro vira um verdadeiro drama. Isso é o que se imagina, mas Guaracy é uma exceção. No dia a dia ele costuma brincar com os presidiários: foi a forma que encontrou para sobreviver e fugir dos dias tediosos do outro lado do muro.
O agente penitenciário é o trabalhador que diariamente cumpre a missão de manter em custódia pessoas transgressoras. Pode ter contato com indivíduos que cometeram