Seca do nordeste
Em sua 72ª grande estiagem, Nordeste ainda luta por políticas de convivência com o sertão e vê erros históricos
Carlos Madeiro Do UOL, em Maceió
Falar em seca no Nordeste não é novidade para o sertanejo. Em 512 anos de Brasil descoberto por portugueses, o semiárido nordestino chegou a 72ª grande estiagem, segundo relatos históricos da ASA (Articulação do Semiárido). O sofrimento do nordestino não é novidade, como denuncia o trânsito intenso de caminhões-pipa pelas estradas de terra da região. Mas nos últimos anos, a discussão sobre a redução dos impactos causados pelo fenômeno natural vem passando por uma mudança de conceito. Em vez de falar em políticas de combate à seca, a ideia agora é desenvolver projetos de convivência com o clima do semiárido, o que é apontado como a solução para o drama sertanejo. “O objetivo deste questionamento não é substituir palavras, mas debater o conceito. É mostrar que o conceito de ‘combate à seca’ carrega consigo a ideia de dependência sem fim dos povos, de políticas emergenciais e compensatórias, que alimentam um ciclo de vícios e interesses entre o poder político e o poder econômico”, diz, em artigo, o coordenador-geral do Centro Sabiá, Alexandre Henrique Pires.
Além do erro no conceito usado por décadas, muitos argumentos são usados por especialistas para explicar o fracasso nas políticas de enfrentamento à seca, que voltou a castigar com força o sertão nordestino em 2012. A falta de obras, o uso político, os “pacotes milagrosos” e a corrupção nos órgãos criados para atuar no combate aos efeitos da seca são algumas das explicações.
Para o professor de sociologia da Ufal (Universidade Federal de Alagoas), Paulo Decio de Arruda Mello, erros históricos e direcionamentos de investimentos fazem com que o sertanejo ainda seja vítima das previsíveis secas. “O que ainda prevalece é o descaso, pois a seca é fenômeno bastante conhecido. O estado brasileiro reconhece isso desde o início do século