Se safe
* Assim como a burguesia propõe uma imagem do proletário, a existência do colonizador reclama e impõe uma imagem do colonizado. Alibis sem os quais a conduta do colonizador, e a do burguês, suas próprias existências, pareceriam escandalosas. * Seja, nesse retrato-acusação o traço da preguiça. Parece recolher a unanimidade dos colonizadores. É fácil verificar o quanto essa caracterização é cômoda. Desempenha importante papel na dialética enobrecimento do colonizador/ aviltamento do colonizado. Além disso, é econômicamente proveitosa. * Na base de tôda a construção, enfim, encontra-se a mesma dinâmica: a das exigências econômicas e afetivas do colonizador que nela faz as vezes da lógica, comanda e explica cada um dos traços que atribui ao colonizado. Em definitivo, são todos vantajosos para o colonizador mesmo aqueles que à primeira vista, ser-lhe-iam prejudiciais. * O que é verdadeirmente o colonizado importa pouco ao clonizador. Longe de querer apreender o colonizado na sua realidade, preocupa-se em submete-lo a essa indispensável tranformação. * Assim se destroem, uma após outra, todas as qualidades que fazem do colonizado um homem. E a humanidade do colonizado, recusada pelo colonizador, torna-se para ele, com efeito, opaca. * Outro sinal dessa despersonalização do colonizado: o que se poderia chamar a marca do plural. O colonizado jamais é caracterizado de maneira diferencial: só tem direito ao afogamento coletivo anônimo.
Situações do Colonizado * Teria sido ótimo se esse retrato mítico houvesse permanecido puro fantasma, olhar lançadosobre o colonizado, que apenas atenuaria a má consciência do colonizador. Levado pelas mesmas exigências que o suscitaram não pode deixar de traduzir-se em condutas efetivas, em comportamentos ativos e constituintes. * A mais grave carência sofrida pelo colonizado é a de estar colocado fora da historia e fora da cidade. A colonização lhe veda toda a participação