SCHULZ, Sônia H. Estéticas Urbanas: Da Pólis Grega à Metrópole Contemporânea.

ENCANTAMENTOS E DESENCANTAMENTOS NA CIDADE MODERNA
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SCHULZ, Sônia H. Estéticas Urbanas: Da Pólis Grega à Metrópole Contemporânea. Rio de Janeiro, 2008. p. 119-158.

No final do século XVIII, foi constituído na Alemanha, uma ideologia liberal segundo conceitos estéticos, que buscavam inserir a sensibilidade em um sistema de poder sustentado na razão iluminista. Para Baumgarten, a estética incluía a totalidade do mundo das percepções e sensações humanas. Para elevar a sensibilidade à condição de conhecimento, Baumgarten pesquisou correspondências entre as leis da ciência do belo e as leis do domínio da lógica. A estética como disciplina filosófica, passou a vincular o belo com o gosto, desta forma, o belo passou a não estar na própria obra, e sim no que ela pode transmitir. Passou-se a focar mais na percepção do artista sobre o mundo e a importar-se menos com a técnica. Kant passou a defender o gosto como a faculdade de julgar o belo, e para garantir uma validade universal do gosto, deixou de lado a subjetividade individual, apesar de não desconsiderar a sua existência. Na filosofia kantiana, a arte passa a se distinguir da natureza e do artesanato, "a prática artística produzia objetos belos, mas a atividade artesanal produzia objetos úteis, comercializáveis" (SCHULZ, 2008, p. 125). Desta forma, conquistou-se uma tripla autonomia, em que o sujeito que contempla a beleza libertou-se das restrições impostas pela tradição, o artista superou o status de artesão para se transformar em gênio criador, e a obra de arte ganhou autonomia com o surgimento de um gosto desinteressado, desvinculado do desejo e da necessidade. Bibliotecas, teatros, museus e salas de concerto, foram construídos para ampliar o acesso das pessoas ao conhecimento, e acabaram por transformar a cidade em um centro de vida econômica e intelectual da sociedade. Os debates públicos, realizados por pessoas que atendiam requisitos de propriedade e